Na semana de 23 a 28 de Abril foi a vez
de proceder à recolha de dados sobre a realidade cabo-verdiana para a 2ª fase
do projeto “Meninos de Rua: Inclusão e Inserção”, o que ocorreu em dois
contextos distintos: Espargos, a capital da Ilha do Sal e a cidade da Praia,
capital do país, na ilha de Santiago.
Começamos
pela ilha do Sal e por uma das organizações indicadas pelo nosso parceiro de
projeto: o Centro Juvenil de Chã de Matias, no bairro com o mesmo nome, situado
em Espargos, capital da ilha. Como se pode ver pela 1ª fotografia deparamo-nos
com uma paisagem quase lunar, ou até marciana, com um ambiente morno, à distância
de uns quilómetros da principal estância turística do país (Santa Maria – com
as suas fantásticas praias brancas e mares azuis e turquesas).
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Vista quase aérea de Chã D'Matias, Espargos, ilha do Sal |
Este Centro Juvenil está integrado numa
Associação, e numa sede com instalações onde existe também um Centro
Comunitário, ou seja, é um “projeto-eixo” que está articulado com outros
projetos de desenvolvimento social e resulta de parcerias entre a sociedade
civil (uma associação de raiz local) e o Estado (este Centro Juvenil é um dos
pólos do ICCA – Instituto Caboverdiano da Criança e do Adolescente). O Centro
trabalha regularmente com 100 crianças e adolescentes, entre os 6 e os 17 anos
e dispõe de uma equipa de cerca de 10 pessoas que asseguram todas as
funcionalidades em dois turnos. È feito um trabalho de reforço das
socializações nas crianças e adolescentes provenientes de famílias em condições
críticas. É uma espécie de prevenção ativa e atuante que impede que aqueles
destinatários sejam “meninos ou meninas na rua”, complementada e articulada com
os outros projetos da Associação.
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Um dos espaços de atividades do Centro e grande concentração nas tarefas |
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Parte da equipa em almoço de trabalho, após serviço de almoço às crianças e jovens do Centro |
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As instalações do Centro Juvenil de Chã D'Matias |
A paisagem lunar e marciana pode tornar-se
quase metropolitana em Santiago e na cidade capital da Praia. A organização cabo-verdiana parceira do projeto, a ACRIDES – Associação Crianças Desfavorecidas, intervém em cinco pólos correspondentes a outros tantos bairros críticos e
periféricos.
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Nos interstícios da cidade da Praia, na ilha de Santiago |
A ONG ACRIDES abrange cerca de 200 crianças nas suas
atividades regulares quotidianas, e por turnos, que decorrem nas instalações
cedidas ou arrendadas em cada um dos cinco pólos: Lém-Cachorro (nas instalações da sua sede na zona da Fazenda), São Filipe, Bela Vista, Achada Grande de Trás e Tira Chapéu.
Para além das atividades
regulares, a Associação desenvolve frequentes ações pontuais onde abrange mais
cerca de 500 crianças no período de cada ano. Entre as atividades especiais
destaca-se o Campo de Férias anual, durante um mês, cada ano num bairro
diferente (não coincidente com os bairros onde existem pólos regulares), que é
participado por cerca de 300 crianças (as crianças dos cinco pólos e as crianças do
bairro selecionado). A equipa operacional é constituída por cerca de 12 pessoas
que são voluntárias ou semi-voluntárias (com pequenas gratificações de
sustentação) para além dos cerca de 200 voluntários dispersos nas diferentes
zonas e dos jovens ativistas de alguns dos pólos.
Em Cabo Verde é difícil falar
propriamente em “crianças de rua” (que ocorrem pontualmente). Mas
há muitas crianças “na rua” (nos meandros dos bairros) e os destinatários da
ACRIDES são crianças nos limiares da exclusão: pobres, abandonadas, orfâs,
vítimas, com as respetivas fragilidades familiares. Por via da sua orientação e
experiência, a ACRIDES trabalha com os destinatários diretos mas intervem
também sistematicamente com os respetivos contextos.
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A preparar uma atividade comunitária do pólo da Bela Vista |
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No bairro da Achada Grande de Trás - atividade sobre a vida familiar |
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Na sede da ACRIDES na Fazenda. A Rute com meninos de Lém-Cachorro |
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Meninas de Lém-Cachorro a serem fotografadas por um dos meninos |
Durante
os dias em Santiago, para além da ACRIDES, ainda foram feitos contactos com outras três organizações ou instituições que também intervêm nesta problemática: a
Associação Black Panthers, que é uma associação comunitária no bairro da
Várzea, com excelentes e diversificadas instalações e longa experiência, trabalha predominantemente com crianças (3 aos 6 anos) e jovens (bolseiros e
praticantes) e assim evitam que a sua comunidade tenha meninos “na rua” e
assegura-lhes as mobilidades escolares; o Centro Sócio-Educativo Orlando
Pantera, que pertence aos Serviços de Reinserção Social do Ministério da
Justiça, onde estão neste momento tutelados sete jovens adolescentes; e o ICCA –
Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente, que é uma entidade também
estatal, de âmbito nacional e com amplas missões de proteção e reinserção
social (5 Delegações, 3 Centros Residenciais...).
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A sede da Associação Black Panthers no bairro de Várzea |
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Na visita ao Centro Orlando Pantera - com o Dr. António Roliano Cardoso, Diretor dos Serviços de Reinserção Social |
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As ilhas têm esses sortilégios das VISTAS LARGAS sobre o mundo. E os meninos sabem-no muito ativamente |
Orlando Garcia
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