De 19 a 23 de Março, estive em Maputo com vista a recolher dados sobre a realidade moçambicana para a 2ª fase do estudo sobre metodologias de intervenção com crianças/jovens em situações de vulnerabilidade.
O último recenseamento efectuado revelou acima de 200 crianças/jovens a viver nas ruas da “cidade de cimento”, para além dos milhares que são sujeitos a trabalho infantil e vivem nas ruas (neste caso disseminados pela cidade e pelos bairros envolventes).
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Maputo - a cidade de cimento |
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Abrigo de um grupo de meninos |
O parceiro local - MDM / Meninos de Moçambique -, tem uma longa experiência e funciona como “grande radar” de identificação e interacção com as sucessivas “levas” de miúdos e suas “tribos”. O MDM mantém uma relação muito pragmática com os seus destinatários e não há interesses materiais em jogo: nem dormida, nem comida.
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A sede da MDM, na Baixa de Maputo |
No coração da cidade (a chamada “Baixa”), o MDM tem a sua sede e um Centro aberto às horas de expediente (com uma assiduidade permanente), onde também se resolvem as higienes e a manutenção da saúde. O Centro é um abrigo e um ponto de encontro e tem um ambiente “cool” e autoregulado e, claro, é também uma “antena”. Fora deste sítio acolhedor, o MDM anda nas ruas: faz controle de situações, faz combinações, faz negociações, trata de documentos e, claro, anda sempre à procura de “links” para alguma forma de re-integração. Uma contínua e insistente “estratégia de persuasão”, com toda a panóplia de manobras tácticas. Predominam as confianças recíprocas.
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A sede da MDM, um sítio calmo... |
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... e descontraído |
Em cruzamento com essa sua intervenção, o MDM está envolvido em diversos projectos e redes e desenvolve também, desde há cerca de um ano e meio, um Centro social educativo no bairro de Polana Caniço, cujos destinatários são crianças maioritariamente provenientes de famílias de acentuada precariedade. É um verdadeiro Centro Comunitário Infantil pluridisciplinar e muito animado: criatividade, saúde e reforço organizacional num bairro crítico.
Aqui estão alguns momentos num dia normal de actividades no Centro de Polana Caniço. Estes meninos e meninas provavelmente não irão aumentar o contingente dos meninos de rua e na rua:
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Estas são os repórteres que me entrevistaram para o seu jornal |
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A saúde precisa de coragens |
Mas a semana incluiu contactos e recolhas noutras organizações que também intervêm nesta problemática: O Centro Juvenil Ingrid Chawner, que é um centro fechado, também com longa experiência e que tem a particularidade de ser uma organização “irmanada” com uma empresa de águas minerais que é a sua principal fonte de financiamento e o Centro Massana, que é semi-aberto e que as crianças frequentam durante o dia, com actividades formativas e escolares e alimentação. Foram portanto perspectivados 3 modelos distintos de intervenção. Foram também realizadas entrevistas com responsáveis dos serviços operativos distritais da Acção Social, a entidade governamental que assume maiores responsabilidades nesta problemática.
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O Centro de Acolhimento Ingrig Chawner |
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Jovens reintegrados pelo Centro Massana |
E prossegue o trabalho de rua do MDM. Aqui fois elementos da equipa num bairro da zona da Matola e num projecto que trabalha com jovens mães com HIV:
Só falta apresentar o fotógrafo “oficial” da semana e da missão: é o Fernando Jaime, conhecido utente do MDM, já a transitar de menino para outra condição, e que tem um evidente pendor artístico!
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Fernando Jaime |
Post escrito por Orlando Garcia
Gostei muito do trabalho que tem sido feito.
ResponderEliminarNão sei se este blog pode ser útil, mas aqui vai:
http://steppingforwardpt.blogspot.pt/2012/05/00-temas-presentes-e-futuros.html
Um abraço,
'nando